FÉ E AÇÃO – DUAS FACES DA MESMA MOEDA

...escolheu no riacho cinco pedras lisas, colocou-as na bolsa...Tirando uma pedra de seu alforje, arremessou-a com a atiradeira e atingiu o filisteu na testa,...” (1 Samuel 17.40,49)

David with the Head of Goliath - Caravaggio

Devemos aprender do exemplo de Davi, a prudência de conservar armas provadas e eficazes. Muitos tem afirmado ser improvável que Davi matou o gigante utilizando uma pedra. No entanto, cumpre-nos usar os mais adequados instrumentos que pudermos encontrar.

No que diz respeito às pedras que Davi apanhou no ribeiro, ele não as apanhou ao acaso. Ele as escolheu diligentemente, selecionando pedras lisas, que se encaixariam com perfeição em sua funda, o tipo de pedras que ele imaginava serviria melhor ao seu propósito. “...escolheu no riacho cinco pedras lisas..” Davi não confiava em sua funda Ele nos disse que confiava no Senhor. “..eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel..” Todavia, saiu para confrontar o gigante com sua funda, como se estivesse sentindo que a responsabilidade era dele mesmo.

Esta é a verdadeira filosofia da vida de um crente. Você tem que realizar boas obras tão zelosamente como se tivesse de ser salvo por meio delas e tem de confiar nos méritos de Cristo como se não tivesse feito nada. Esta mesma atitude deve manifestar-se na obra de Deus: embora você tenha de trabalhar para Ele como se o cumprimento de sua missão dependesse de você mesmo; precisa entender com clareza e crer com firmeza que, afinal de contas, toda a questão, desde o início até ao final, depende completamente de Deus. Sem Ele, tudo o que você planejou ou realizou é inútil.

Deus nunca pretendeu que a fé nEle mesmo fosse sinônimo de indolência. Se a obra dependesse completamente dEle, não haveria nem a necessidade de que Davi utilizasse a sua funda. Na realidade, não existiria nem a necessidade do próprio Davi. Ele poderia virar suas constas, no meio do campo de batalha, dizendo: Deus “realizará a sua obra; Ele não precisa de mim”.

Essa é a linguagem do fatalista; não é a linguagem que expressa a maneira de agir daqueles que creem em Deus. Ao contrário, estes devem dizer: “Deus o quer; portanto, eu o farei”. O indolente, o fatalista, diria : “Deus o quer; por isso, não há nada para eu fazer”. Pelo contrário, o crente que sabe quem é, e o que Deus quer, deve afirmar: “Visto que Deus trabalha através de mim, eu trabalharei por intermédio de sua boa mão sobre mim.

Portanto, não poupe nenhum músculo, nervo, habilidade ou esperteza que você pode dedicar ao empreendimento. Não diga, entretanto, “Qualquer coisa será proveitosa: Deus pode abençoar minha deficiência tão bem quanto minha competência”. Sim, sem dúvida, Ele pode, mas certamente não o fará.

Charles Haddon Spurgeon

Grande Pastor do Século 19